As primeiras mostras das minhas colheres aconteceram durante as festas de lançamento do livro Crônica do meu primeiro infarto, que escrevi em 1995. Achei que ajudariam a compor o ambiente e a dar sentido às palavras que havia escrito sobre elas. Essas exposições acontecem nas cidades em que morei e onde tenho parentes e amigos fraternos: no Iate Clube do Espírito Santo , em Vitória, ES; na Casa dos Braga, em Cachoeiro de Itapemirim, ES; no Museu da República, no Rio de Janeiro, RJ; na Galeria Carpe Diem, em Brasília, DF; na Casa da Cultura “Hotel Globo”, em João Pessoa, PB — tudo isso em 1996.

Depois, pessoas que adoram colheres (isso mesmo, é um tipo de gente muito específico) têm me convidado para expor e dar workshops em outros lugares, começando por Brasília, passando pelo Rio de Janeiro, por Viena, na Áustria, e por Munique e Hochheim, na Alemanha, o que me fez acreditar que os alemães dedicam especial atenção às colheres. O fato de não comercializar o que faço impõe que sejam encontradas alternativas para cobrir as despesas com montagem, deslocamentos e tudo o mais.

Em Viena foi uma exposição bem curtinha, em paralelo ao workshop que dei no saguão do Museum für Völkerkunde, prédio imponente localizado bem no centro da cidade. Na Alemanha as colheres estiveram expostas em três ocasiões: na Galerie im Kelterhaus, em Hochheim, na Galerie Handwerk em Munique e durante a EXEMPLA, uma feira internacional de artesanato que acontece anualmente também em Munique para realçar a excelência do trabalho manual. Pelas minhas contas, mais de cinco mil visitantes pararam para ver as peças que faço. Foi muito bom ver muitas delas emocionadas com as formas e com o contato com a madeira polida.

Em Vitória, como não poderia deixar de ser, a fama das colheres é bem expressiva, em função do que sai na imprensa e do que meus conhecidos comentam. Aqui elas puderam ser vistas em duas oportunidades: em uma mostra bem didática no térreo do prédio do Bandes; e durante uma exposição coletiva em homenagem aos dez anos do Museu Vale. Cerca de 1.300 colheres, colocadas lado a lado na vertical, preencheram um painel de 1,30 metro de altura por mais de 13 metros de comprimento, o que impactou muita gente, inclusive eu mesmo, que nunca tinha visto tantas colheres juntas.

Em 2012 achei por bem montar uma exposição no Museu da Casa Brasileira, em São Paulo, para homenagear o fotógrafo alemão Hans Hansen e festejar o lançamento do belíssimo livro que ele acabara de publicar na Alemanha sobre as minhas colheres, depois de mais de dez anos de tê-lo idealizado. Nós nos conhecemos rapidamente durante a Exempla e só fomos nos encontrar novamente na abertura da exposição em São Paulo. Um encontro emocionante que Carol Abreu, minha mulher, relata na apresentação da exposição.

Aliás, a montagem das exposições virou uma atividade familiar das mais prazerosas e gratificantes, como pode ser visto na crônica que escrevi a respeito: Carol idealiza, Bebel faz o projeto e lidera a produção, Manaira cuida da programação visual, Diana fotografa tudo, Bento filma e Rafael dá palpites e bate palmas. Vez por outra minha irmã Beatriz ajuda Carol na montagem final, um trabalho paciente e cuidadoso que exige muito bom gosto. A mim me cabe ajudar na seleção das colheres a serem mostradas e fazer serviços em geral, como se diz.